quarta-feira, 3 de julho de 2013

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Júlia está morando em Portugal e ficará mais dois anos para terminar o doutorado... louquinha de pedra... rsrs....

segunda-feira, 1 de julho de 2013

[Sobrevivência]

Imaginem a sensação: o Kenny abre a página do Jornal de Notícias - publicação diária daqui de Portugal - e lê que duas pessoas morreram por correntes no Rio Douro no dia anterior. Ele corre para ver o facebook meu e a da Cris, tentando ver se as pessoas identificadas na matéria são duas estudantes brasileiras que estão cá em Portugal. Ele lê: sobrevivemos! e respira aliviado por ainda não estar na hora do nosso enterro.

Fato verídico, foi assim que aconteceu na última sexta-feira!

Continuando a saga de ocupação do Rio Douro, depois de saltar da ponte fizemos essa outra aventura. E, ao contrário do que possa parecer, essa foi ainda mais perigosa do que a outra hahaha.

A ideia surgiu do Segundo, que é João Pessoa, na Paraíba e disse que durante o verão eles têm o hábito de descer os rios em cima de câmaras de pneus cheias, tipo boias. Achamos sensacional a proposta de fazer isso no Rio Douro e começamos a saga para chamar pessoas, encontrar as boias mais baratas quanto fosse possível e escolher um dia de calor intenso.

Começamos com a ideia de descer a partir da Ponte D. Luis, que é onde fica a Ribeira, e seguir a correnteza rumo a Foz do Douro, chegando no Oceano Atlântico. As pessoas começaram a chamar a gente de louco, dizendo que a corrente nos levaria para alto mar e que não conseguiríamos nadar até a praia.

Ocorreu uma reformulação dos planos e decidimos vir de uma ponte mais longe do mar, seguindo em direção à Ribeira.

Ainda assim, inúmeros portugueses diziam que não devíamos fazer isso, que o Rio Douro é perigoso, porque tem fundões, redemoinhos e correntes, e que além disso é sujo e tudo mais... Encheram os nossos ouvidos com preocupações que não atingiram ninguém, porque a teimosia em seguir com o plano e a vontade de flutuar no rio era muito maior.

E foi assim que no dia seguinte em que eu pulei, na última sexta-feira, fomos 10 pessoas (entre brasileiros, polacos e tchecos) - com exceção do Segundo, que não conseguimos encontrar - colocar a ideia em prática.


Nos encontramos na Estação São Bento e fomos de autocarro (ônibus) para a Ponte do Freixo. Esta ponte é a quinta que liga o Porto à Gaia, contando a partir do oceano. Dali vimos que a correnteza, ao contrário do que pretendíamos, estava no sentido contrário. O vento e a água seguiam de oeste para leste e não em direção ao mar. Decidimos ir mesmo assim, e seguir nadando com as boias e colchões que tínhamos comprado!

Caminhamos abaixo de um sol absurdamente quente por 1,5 km, passando por duas pontes até chegar no ponto onde descemos. A ponte D. Maria é a terceira na mesma contagem. Chegamos no Rio por umas escadas que existem na lateral do rio e descemos.


Nadamos contra a corrente por 1,5 km (também!) até chegar na Ribeira. Nesse percurso, passavam os barcos criando balanço na água e atrapalhando o processo; passamos por três pontes - D. Maria, Infante e D. Luis -; e nadamos mais do que imaginávamos. Detalhe: no grupo tinham duas meninas que não sabiam nadar hahahahahaha!

Quem estava nos esperando na Ribeira, a Tatá, a Regina e outros viram primeiro uma lancha da Guarda Marítima passar. Se apavoraram achando que era pra gente, mas depois pensaram que não caberíamos os 10 dentro da lancha. Alguns minutos depois passa uma lancha maior com os Salva-vidas. Apavoram hahahahaha! Já era tudo para tentar evitar a notícia que o Kenny leu no dia seguinte.

Mas claro que na hora em que decidimos fazer tudo isso e que fomos para o Rio ainda não sabíamos da morte dessas duas pessoas. E o pior de tudo é que no final de semana morreram mais dois.
Sim, sabemos que fomos loucos, mas só agora. E o melhor de tudo é que estamos todos bem e que agora temos mais uma história para contar!

No final, mesmo contrariando todo o bom senso todos os portugueses conseguimos chegar à Ribeira. A sensação era de não ter mais pernas de tanta força que tivemos que fazer, mas também de satisfação por termos conseguido chegar.


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