terça-feira, 12 de março de 2013

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Acusada de plágio autora de best-sellers ‘Mentes Perigosas’, ‘Mentes Inquietas’ e outros

Corações DescontroladosEstá sendo acusada de plágio a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, autora de inúmeros best-sellers das livrarias brasileiras – dentre eles: Mentes Perigosas (sobre a Psicopatia), Mentes Inquietas (sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, ou TDAH), Corações Descontrolados (sobre o Transtorno de Personalidade Borderline) e outros. As graves acusações partem de dois outros psiquiatras, que identificaram trechos inteiros de suas obras reproduzidos quase sem alterações nos livros de Ana Beatriz.
Mentes Ansiosas
Esta, ao ser informada em novembro da queixa de Ana Carolina Barcelos Cavalcante Vieira, que trabalhara como pesquisadora em sua clínica, providenciou junto a sua editora uma segunda tiragem do livro Corações Descontrolados apenas mascarando as passagens plagiadas, sem nem incluir uma errata notificando os leitores. Um mês antes, Tito Paes de Barros Neto conseguiu na justiça que fosse suspensa a comercialização do livroMentes Ansiosas, em vistas das flagrantes semelhanças constatadas pelo juiz. A matéria da Folha fornece os detalhes adicionais.
Mentes Perigosas
De minha parte, a notícia só vem corroborar as várias reservas que eu já tinha com relação a Ana Beatriz. É opinião comum a inúmeros professores e amigos meus na área da Psicologia que seus livros contribuem para reforçar a mentalidade do senso comum acerca dos quadros psiquiátricos, em vez de estimular a reflexão crítica e a quebra dos preconceitos. Sem dúvida, é essa afinidade  acrítica com as visões internalizadas pelo senso comum que  constitui o verdadeiro chamariz das obras de Ana Beatriz e explica o enorme número de vendas alcançado. Há uma banalização do diagnóstico médico, pois a autora passa a ilusão que qualquer um que tenha lido o livro se torna apto a apontar a existência de um transtorno mental em outra pessoa. E há uma forte individualização dos transtornos mentais, que são retirados de todo o contexto relacional no qual emergem, acarretando uma compreensão deturpada dos quadros clínicos retratados.
Somando a isso as acusações de plágio, a lição que fica é o dever de buscar informação em fontes séries e isentas, mais preocupadas com o rigor científico do que com fórmulas simplificadoras e sucesso comercial. Não custa lembrar que o cuidado deve ser redobrado numa sociedade que lucra em cima da ignorância e da desinformação sobre as patologias de ordem psiquiátrica.